O Museu do Titanic em Belfast
Viajar também é se introduzir e conhecer um pouco da história de cada lugar e Belfast na Irlanda do Norte tem muita história para ser contada, uma delas é a do Titanic. Para quem não sabe foi lá que o navio que não naufragava foi construído e onde hoje possui não apenas um museu, mas como também um quarteirão inteiro dedicado em sua memória.
Relembrando o Titanic
A CONSTRUÇÃO
O RMS Titanic foi um navio da classe Olympic operado pela empresa White Star Line, ele foi projetado por Alexander Carlisle e pelo engenheiro Thomas Andrews e teve sua construção iniciada em 1909 no estaleiro de Harland and Wolff em Belfast na Irlanda do Norte. Em 1911 o casco do Titanic ficou pronto e ele foi lançado ao mar e levado até uma doca perto dali, construída especialmente para ele e onde ficou até ser finalizado em 1912.
Era uma plano muito ousado para época, o navio possuía mais de 270 metros de extensão, 3 milhões de rebites, o casco possuía 2 mil placas de aço e cada uma com mais de 2 metros com 4 centímetros de espessura. O navio ainda possuía 3 hélices de bronze, as laterais mediam 7 metros de diâmetro e pesavam 38 toneladas e a do meio possuía 5 metros de diâmetro pesando 22 toneladas. Das 4 chaminés apenas 3 funcionavam, a última era apenas um elemento para dar imponência ao navio. Ao todo ele pesava mais de 46 mil toneladas, era o mais moderno e luxuoso navio da época.
A VIAGEM E O NAUFRÁGIO
No dia 4 de abril de 1912 ele foi para Southampton na Inglaterra para embarcar a maioria dos passageiros, em seguida para Cherbourg na França e depois para Cobh/Queenstown* na Irlanda antes de partir para os Estados Unidos. Ao todo 1316 passageiros estavam no navio, que somados aos 913 tripulantes totalizaram 2229 pessoas à bordo.
No dia 12 de abril de 1912 o Titanic começou a receber de outros navios alertas de icebergs e camadas de gelo sobre a água, porém ele não alterou a sua rota. Na noite do dia 14 de abril de 1912, às 23:40 e após já estar no meio do oceano e há 41km/h o navio chocou a sua lateral com um iceberg que deixou um rasgo de 12 metros no casco, fazendo com que 7 toneladas de água por segundo entrassem no navio, mais do que a capacidade que as bombas tinham para drenar. Naquela altura já não havia mais o que fazer, os compartimentos e as caldeiras estavam submersas e o Titanic estava afundando.
Às 00:45 os primeiros botes foram lançados com menos da capacidade permitida, eles possuíam 85 vagas mas estavam partindo apenas com 24 pessoas alocadas, aos poucos mais pessoas foram entrando nos botes, mas que não eram suficiente para todos do navio. Por volta de 01:00 a proa do navio já estava submersa e o pânico estava armado, poucos minutos depois o último bote havia deixado o navio e a popa inclinou-se, porém o peso era tão grande que o navio rachou ao meio entre a 3ª e 4ª chaminé. Às 02:20 o navio afundava completamente no Atlântico Norte levando consigo mais de 1500 vidas.
Sobre o Museu do Titanic
O Museu do Titanic que relembra toda a história do navio, desde a construção até o pós naufrágio está localizado em um prédio projetado para ser um marco arquitetônico no país de tão grandioso como foi o navio, ele funciona no mesmo lugar onde há mais de 100 anos atrás o Titanic foi construído. O museu foi aberto ao público no dia 31 de março de 2012, aos exatos 100 anos após o primeiro lançamento do navio no mar e teve um custo de £97 milhões, cerca de R$285 milhões.
O design do prédio é totalmente inovador, foi feito para lembrar a proa do Titanic e inclusive tem a mesma altura dele. O lado de fora do museu é revestido com mais de 3 mil folhas de alumínio colocadas de forma irregular para lembrar as ondas do mar. Ele é dividido em 9 galerias e 6 andares e suporta ao todo 3.547 visitantes, o mesmo número que o Titanic suportava em passageiros.
Do lado de fora os bancos de madeira tem um espaçamento entre eles na sequência do código morse de SOS enviado pelo Titanic após bater no iceberg. Logo atrás do museu está a rampa de deslizamento onde o navio foi originalmente construído e lançado ao mar pela primeira vez. No chão ainda há uma marca branca que mede as dimensões da embarcação.
Como chegar ao Museu do Titanic?
O museu está localizado em Belfast na capital da Irlanda do Norte, há cerca de 166km de Dublin. Existem duas opções para chegar até lá saindo de Dublin, a primeira é de ônibus através da AirCoach por um valor de €23,00 ida e volta, o ônibus sai da O’Connell Street em Dublin e te deixa em frente a Europa Central Bus Station em Belfast e de lá você pode andar até o museu ou pegar um táxi.
A segunda opção e mais cara seria de trem. Os trens para Belfast saem da Conolly Station em Dublin direto para Belfast Central Station e o valor custa em torno de €40,00 ida e volta, detalhe que esse valor já é tarifa estudantil.
Quanto custa visitar o Museu do Titanic?
O museu tem diversos tipos de tickets para acesso ao Titanic Experience, o principal é o ticket adulto que custa £17,50. Crianças com menos de 5 anos não pagam, entre 5 e 16 anos pagam apenas £7,25. Estudantes pagam £12,50 de segunda a sexta e £14,50 aos sábados e domingos, o mesmo vale para maiores de 60 anos. Lembrando que já estamos no Reino Unido, ou seja, esses valores são em Libras e não mais em Euros.
Visitando o Museu do Titanic
Eu cheguei bem cedinho no centro de Belfast e de lá fui caminhando mesmo ao museu. São cerca de 30 minutos de caminhada até o Titanic Quarter, como se fosse um bairro inteiro dedicado ao navio. Logo de longe você pode ver o museu e ao lado dele o SS Nomadic, uma pequena embarcação que serviu para levar os passageiros das 1ª e 2ª classes ao navio e que também pode ser visitado. Do lado de fora ainda há uma placa com o nome TITANIC escrito onde um monte de gente fica tirando foto.
Ali na frente mesmo já fica a entrada do museu que te leva ao salão principal onde você pode comprar os tickets de entrada e também onde há um café e uma loja de souvenirs. Ao pegar o ticket basta subir um andar para entrar na exibição. As nove galerias contam a história desde muito antes do navio até a repercussão que seu naufrágio deixou, ou seja, ali passamos desde os anos dourados do mercado naval na região, até o projeto, construção e finalização do navio. Tem até um passeio em uma mini montanha russa que nos leva para dentro da sala de máquinas. Ah, vale lembrar que o museu é totalmente interativo, então em alguns momentos é possível que você mesmo guie o seu passeio por ele.
Há também muitos elementos reais do navio, como algumas pratarias e até mesmo o cardápio original do que foi servido na primeira classe no dia no naufrágio. Outra coisa bem interessante são as réplicas das cabines das classes e o que mais me chamou a atenção foi o tamanho da cabine da 3ª classe, extremamente minuscula. Ali do lado temos uma espécie de sala no qual passa um vídeo do interior do navio em todas as paredes e a impressão que temos é que estamos dentro do navio.
Em uma outra sala há a representação da noite do acidente, nela podemos ler nas paredes todos os pedidos de ajuda que o Titanic fez com outros navios, inclusive há um som ambiente que é o do código morse enviado pelo navio. Passando adiante podemos descobrir mais e ver algumas fotos inéditas dos sobreviventes e da missão de recuperação dos corpos no mar. Os poucos corpos que foram identificados foram levados para cemitérios, os que não puderam ser foram enterrados como indigentes sem falar que muitos corpos se quer foram encontrados até hoje.
Em uma das galerias tem até um grande cinema onde dá para explorar os restos do navio debaixo do mar. Além da tela na parede há também uma no chão e vários computadores espalhados pela sala, pois essa parte é bem interativa e você pode comandar o que quer explorar debaixo da água através dos vários monitores touch screen.
Plus: SS Nomadic
O SS Nomadic é o último navio da White Star Line, mesma empresa do Titanic. Na época ele serviu como barco auxiliar no qual levava as pessoas para embarcar no Titanic. Além de auxílio ao Titanic o Nomadic já transportou famosas pessoas como Charlie Chaplin, Elizabeth Taylor, Richard Burton e Marie Curie. Também serviu de barco apoio na 1ª e 2ª guerra mundial transportando soldados e restaurante/discoteca em Paris. Ele tem 1/4 do tamanho original do Titanic e foi totalmente reformado e aberto a visitação ao lado do museu se tornando patrimônio industrial e marítimo de Belfast.
O museu é enorme e tem muito mais coisas que não dá para escrever tudo aqui, são informações, réplicas, objetos e fotos tão raras, que nem o Google poderia achar. Então fica a minha dica se você for a Belfast algum dia, não deixe de conhecer o Museu do Titanic.
Um agradecimento especial a equipe do Titanic Museum pelo convite de visitar o local.
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