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    The Ocean is Broken – O Oceano Está Quebrado

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    The Ocean is Broken – O Oceano Está Quebrado

    Vamos começar a primeira postagem de 2014 com um depoimento um tanto que assustador e bizarro que o velejador Ivan Macfadyen deu ao repórter Greg Ray do jornal australiano Newcastle Herald em Outubro de 2013. Vale a pena uma lida para começarmos o ano pensando em nossas atitudes com o meio ambiente.

    O Oceano Está Quebrado (1)

    Ivan velejava da Austrália para o Japão e em seguida para os Estados Unidos, durante o caminho ele viu coisas inimagináveis no Oceano Pacífico. Essa é uma tradução livre da matéria lançada no jornal, a original você pode conferir clicando aqui.

    Foi o silêncio que se fez esta viagem diferente de todos as outras.

    Mas não pela ausência de som, exatamente.

    O vento ainda chicoteava nas velas e assobiava no equipamento. As ondas batiam contra o casco de fibra de vidro.

    Haviam ainda muitos outros ruídos: baques abafados, pancadas e arranhões, o barco havia batido contra uma série de detritos.

    O que faltava era o canto das aves marinhas, em todas as viagens anteriores elas cercavam o barco.

    As aves não estavam mais ali porque não haviam mais peixes

    10 anos antes, quando velejador de Newcastle Ivan Macfadyen havia navegado exatamente o mesmo curso de Melbourne para Osaka, tudo o que ele tinha que fazer para pegar um peixe do oceano entre Brisbane e o Japão era jogar uma linha com iscas.

    “Não havia 1 dia dos 28 de viagem que não conseguimos pegar um peixe de bom tamanho para cozinhar e comer com um pouco de arroz”, lembrou Macfadyen.

    Porém desta vez, em toda a longa viagem marítima, ele pescou apenas 2 peixes.

    Não havia nenhum peixe. Nenhum pássaro. Dificilmente um sinal de vida.

    “Nas viagens passadas eu já estava acostumado com o barulho das aves.”, disse ele.

    O Oceano Está Quebrado (2)

    “As aves estariam seguindo o barco, descansando sobre o mastro antes de voar novamente. Dava para ver muitas delas sobre a superfície do mar ao longe, comendo sardinhas”.

    Mas, em março e abril de 2013, apenas o silêncio e a desolação cercavam seu barco, em um oceano mal-assombrado.

    Ao norte da linha do equador, em cima Nova Guiné, havia um grande barco pesqueiro.

    “Todos os dias ele estava lá, junto de um grande navio, como uma nave-mãe”, disse ele.
    E toda noite ele trabalhava, sob holofotes brilhantes. Na manhã seguinte, Ivan foi acordado com urgência, seu tripulante dizia que o navio tinha lançado uma lancha em direção ao seu barco.

    “Obviamente, eu estava preocupado. Estávamos desarmados e a pirataria é intensa naquelas águas. Pensei, se esses caras tiverem armas, então estávamos em apuros.”

    Mas eles não eram piratas. A lancha que atracou era de nativos que ofereciam presentes como frutas e potes de conservas.

    “E eles nos deram também cinco sacos cheios de peixe”, disse ele.

    “Eram bons homens, no saco havia peixes de todos os tipos. Alguns estavam frescos, mas outros estavam queimados pelo sol.

    “Dissemos a eles que não tínhamos como comer aquilo tudo, pois éramos apenas dois e tão pouco tínhamos como armazenar. Eles apenas falaram que se não quiséssemos, podíamos jogar no mar, pois é o que eles teriam feito se não fossem nos dar.”

    “Nos falaram que aquilo era apenas uma pequena parte de um dia de trabalho, que o que importava para eles era apenas o Atum, o resto era lixo. Eles pegavam qualquer coisa viva no mar apenas para capturar o Atum, consequentemente matavam o que não queriam.”

    Macfadyen se sentiu muito mal por isso. Afinal, esse era apenas um barco de pesca dentre os inúmeros outros que ali estavam, fazendo exatamente a mesma coisa.

    Não é de admirar que o mar estava morto. Não é de admirar que suas linhas com iscas não pescavam nada. Não havia nada para pescar.

    Mas nada é tão ruim que não possa piorar.

    O Oceano Está Quebrado (3)

    A próxima etapa da longa viagem era de Osaka para São Francisco e boa parte desta viagem foi marcada por desolação, horror, náuseas e um grau de medo.

    “Depois que sai do Japão, eu sentiu como se o oceano estivesse morto”, disse Macfadyen.

    “Quase não vimos vida. Vimos uma baleia, impotente rolando na superfície com um grande tumor em sua cabeça. Foi muito bizarro.”

    “Já viajei milhares de milhas no oceano e eu estou acostumado a ver tartarugas, golfinhos, tubarões e grandes agitações de aves que se alimentam. Mas desta vez, para 3000 milhas náuticas, não havia nada vivo para ser visto. “

    No lugar da vida o que tinha era grandes quantidades de lixo.

    “Parte do lixo eram os destroços causados pelo tsunami que atingiu o Japão há alguns anos atrás. A onda veio em cima da terra, pegou uma carga enorme de coisas e levou para o mar. Tudo boiando, o que tornava impossível de ligar o motor do barco.”

    O irmão de Ivan, Glenn, que embarcou no Hawaii para a corrida nos Estados Unidos, pode constatar “milhares de milhares” de pedaços de plástico amarelo boiando. Enormes emaranhados de corda sintética, linhas de pesca e redes. Pedaços de espuma de poliestireno aos milhões. E manchas de óleo e gasolina, em todos os lugares.

    Era possível ver também centenas de postes de energia de madeira, que foram arrancados pela tsunami no Japão e ainda estavam com sua fiação.

    “Antes, se o vento parasse eu podia ligar o motor e continuar”, disse Ivan.

    Dessa vez não dava.

    “Em vários lugares não dava pra ligar o motor, pois a hélice podia prender no emaranhado de fios e linhas, algo que eu nunca tinha visto e nem ouvido falar por nenhum velejador.”

    “Ligar o motor a noite era impossível, somente dava durante o dia em alguns trechos e sempre verificando a proa do barco.”

    “Em determinadas águas perto do Hawaii, devido a transparência, era possível ver o fundo do mar. Devido a isso pude constatar que o lixo não estava só na superfície mas também no fundo, era lixo de tudo quanto é tipo, desde garrafas pets até pneus de caminhão.”

    “Vimos uma chaminé de uma fábrica saindo pra fora da água. Vimos também containers semi submersos na água. “

    O Oceano Está Quebrado (5)

    “Navegávamos como se estivéssemos em um mar de porcaria.”

    “Constantemente era possível ouvir as coisas batendo no casco do barco, o que dava medo, pois ele podia bater em algo bem maior. O casco do barco ficou praticamente todo amassado e riscado por coisas que nunca havíamos visto.”

    O plástico era onipresente. Garrafas, sacolas e todo o tipo de artigos domésticos descartáveis estavam ali, desde cadeiras quebradas, pás de lixo, brinquedo e utensílios de cozinha.

    Outra coisa estranha aconteceu foi com a pintura do barco, que antes nunca desbotou pela água ou pelo sol, mas dessa vez ela reagiu com algum elemento das águas do Japão e perdeu seu brilho de uma forma anormal.

    De volta em Newcastle (Austrália), Ivan ainda está chocado com o horror que viu durante a viagem.

    O Oceano Está Quebrado (6)

    “O oceano está quebrado”, disse ele, sacudindo a cabeça em descrença atordoada.

    Ele reconhece que o problema é muito grande e que nenhuma organização ou governo tem interesse em fazer nada sobre. Mesmo assim ele pretende pressionar os governantes esperando alguma ajuda.

    “Perguntei ao governo por que não organizar uma frota de barcos para ir lá e limpar a bagunça?”, disse ele.

    “Mas o governo respondeu que a queima de combustível de barcos até lá causaria um dano maior ao meio ambiente, que era melhor deixar o lixo onde esta”.

    A entrevista é surpreendente mesmo, e deixa claro que nós mesmos estamos acabando com nosso mundo. O texto vale para que possamos refletir o que pode acontecer em um futuro não muito distante!

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    Olá! Meu nome é Leonardo, tenho 33 anos, sou de Brasília - DF, mas moro na Europa há mais de 8 anos. O desejo de viajar somou com uma frustração que aconteceu e me fez sair do Brasil. Eu amo viajar, conhecer lugares, pessoas e culturas, tanto que resolvi criar o blog Tô Longe de Casa para poder compartilhar com as pessoas todas essas minhas experiências pelo mundo.

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