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    Entrevista com Aline Campbell: Viajar sem nenhum dinheiro no bolso!

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    Entrevista com Aline Campbell: Viajar sem nenhum dinheiro no bolso!

    Já postei aqui diversas histórias de pessoas que fizeram grandes viagens de volta ao mundo e que nos deixam com aquela pontinha de inveja, afinal, é muito gasto sair viajando por ai e nem todo mundo tem dinheiro suficiente para isso, mas Aline Campbell conseguiu sim viajar sem nenhuma grana.

    Aline é artista plástica, tem 24 anos e passou 3 meses deste ano viajando pela Europa passando pela Holanda, Bélgica, Alemanha, França, Inglaterra, Croácia, Sérvia, Eslováquia, Hungria, República Tcheca, Áustria, Itália e Suíça sem nada de dinheiro, isso mesmo, nada de cheques, cartões de créditos ou se quer uma moedinha, exceto pelas passagens de ida e volta do Brasil até lá. Essa empreitada não foi pra provar que dá pra viver sem dinheiro, até porque não se vive sem dinheiro usando o dos outros, mas sim parte de um projeto pessoal dela chamado Open Doors / Portas Abertas, que visa explorar e valorizar as relações interpessoais, provar que o mundo não é só maldade e perigo como a mídia informa e que há mais bondade e solidariedade por ai do que nós imaginamos.

    Aline adianta que se inspirou a viajar dessa forma quando em 2012 recebeu em sua casa através do Couch Surfing (Site de hospedagem gratuita no qual você se cadastra e através de uma busca descobre pessoas que disponibilizam suas casas para receber viajantes.) um rapaz dos EUA que não levava nada, nem se quer mala, apenas uma pochete com documentos, dinheiro e escova de dentes. Aline teve sua vida mudada após um papo com o americano sobre valores pessoais e materiais, e ali ela percebeu que era possível viajar sem dinheiro e no ano seguinte, em 2013 ela decidiu partir, mesmo com os amigos e familiares a chamando de louca. Estavam enganados.

    Dai você me pergunta: Mas como ela fez para se locomover de cidade em cidade? E para se hospedar e se alimentar? Simples, Aline pediu carona, algo que está ao alcance de todos, mas que a maioria teme. Quando conseguia carona e fazia amizade com a solidária pessoa, consequentemente conseguia algo para comer e uma cama para dormir. Ela também usou Couch Surfing.

    Aline concedeu uma entrevista bem legal para o Tô Longe de Casa, confira abaixo:

    TLDC: Você já tinha viajado sem grana alguma vez na vida? Chegou a sentir medo antes de partir por não ter dinheiro?

    Aline Campbell: Não, porque eu nunca precisei viajar sem dinheiro, na verdade. Eu fiz essa viagem em tais condições para comprovar meus ideais e chamar atenção do mundo para tais. Vejo muitas pessoas se limitando demais por conta de recursos financeiros, e eu não acho isso justo. E mais importante do que provar que dá para se viajar sem nada ou muito pouco, eu quis ressaltar a bondade humana e gentileza natural de cada um, independente de quem seja, e aonde seja.
    Não senti medo e o não ter dinheiro não foi um problema, uma vez que estou segura daquilo que acredito e aplico à minha vida pessoal. Eu sou uma pessoa pura, sincera e procuro sempre fazer o bem ao próximo, seja como for. Acredito no efeito espelho e que a mim voltará o que no outro projeto. Funcionou. Funciona.

    TLDC: Alguns países europeus exigem quantia mínima de dinheiro, seguro viagem e um tanto de burocracias para conseguir entrar. Você teve algum problema em passar alguma fronteira?

    Aline Campbell: Na verdade, é bem difícil de eles checarem essas exigências. No meu caso, entrando por Frankfurt, não me pediram nada. Perguntaram-me o motivo da viagem, quanto tempo ficaria e aonde dormiria. Aí sim, acredito ser fundamental ir com um endereço de hospedagem para o primeiro destino.
    Já dentro da Europa, atravessando as fronteiras, foi muito tranquilo. Até porque só mesmo mais para o leste, Sérvia e Hungria por exemplo, que há controle de passaporte. E o fato de eu estar sempre de carro, geralmente com alguém local, pode ter contribuído para eu não ter sido abordada pelos fiscais. Só pediam o passaporte e carimbavam. Molezinha, molezinha.
    Somente em Londres, para atravessar o Canal da Mancha, a fiscalização pegou um pouco no meu pé. O que não foi motivo de receber um não. Fui e voltei à Inglaterra de carona (há balsas para transporte de veículos), sem grandes dores de cabeça.

    Entrevista com Aline Campbell (1)

    Pedindo carona. Foto: Arquivo pessoal de Aline Campbell

    TLDC: Em algum momento você chegou a passar fome, frio ou ter dormido na rua por não conseguir um “sofá amigo”? Foi difícil consegui-los?

    Aline Campbell: Passar fome, não. Mas tiveram momentos que senti um pouco de fome. Até a metade da viagem, eu emagreci um pouco. Depois, não sei se foi porque meus anfitriões notaram que eu estava meio magricela, eu acabei engordando tudo de novo. No geral, me alimentei muito bem durante toda a viagem. E sem grande esforço para isso.
    Frio, pouquíssimas vezes, visto que estava viajando durante o verão. Mas tiveram uns momentos gelados sim.
    Dormi na rua uma vez. Quero dizer, não exatamente na rua, mas num banheiro de pedágio no meio do nada (risos). Neste momento eu estava viajando com uma amiga (viajamos juntas por duas semanas, no meio da minha jornada) e fomos parar, no meio da noite, em um pedágio de estrada onde não havia ninguém e poucos carros passavam. Ventava e estava muito, muito frio. A solução de lugar para passar a noite foi numa cabine de banheiro.

    TLDC: Toda viagem tem algum perrengue. Qual foi o pior que você teve?

    Aline Campbell: Sem dúvidas, quando estava viajando com minha amiga. Pegar carona em dois pode ser bem complicado…

    TLDC: Você entende o inglês, mas passou por países que não tem essa língua como a principal, como Alemanha. Você chegou a ter alguma dificuldade com a comunicação? Considera a língua como uma das barreiras pelas quais as pessoas não viajam?

    Aline Campbell: Quando se fala inglês, na Europa não se tem tanto problema quanto à comunicação, visto que lá é bem fácil encontrar pessoas que falam o idioma. Em minha opinião, ao visitar um país estrangeiro, sobretudo os mais desenvolvidos, inglês é fundamental.
    Eu tive um pouco de dificuldade somente quando pegava carona com pessoas que não falavam inglês, mas a gente acaba sempre dando um jeito e improvisando nas mímicas ou desenhos… hehehe
    Ah! E por favor, não deixe de viajar por não falar inglês, afinal, o Brasil é enorme (sem mencionar os outros países de língua portuguesa). E também, espanhol é super tranquilo de se entender, claro, com um pouquinho de paciência para determinadas regiões.

    TLDC: Esse feito não foi um simples mochilão ou viagem de turismo para conhecer novos lugares. Qual a intenção e a mensagem que você quis passar com esses mais de 90 dias sem dinheiro na Europa?

    Aline Campbell: Que momentos devem ser mais valorizados, momentos com pessoas. Conversas, compartilhar refeições, sair para passear… Sabe, tirar um pouco o foco do que considera compromisso e olhar em volta, refletir, questionar-se. Eu quis – e quero, pois o projeto continua – mostrar que o dinheiro não deve ser colocado em primeiro plano, tampouco tamanho esforço para obtê-lo. Afinal, no final das contas, as mais belas experiências de vida, são impagáveis, “incomparáveis”.

    Paris, França. Foto: Arquivo pessoal de Aline Campbell

    Paris, França. Foto: Arquivo pessoal de Aline Campbell

    TLDC: Apesar de toda a repercussão positiva que sua viagem teve na internet com diversos compartilhamentos e publicações ainda há pessoas que duvidam que você passou esses 3 meses sem dinheiro algum, em especial as pessoas que nunca viajaram e que acham que o perigo lá fora é muito grande. Você tem alguma mensagem para essas pessoas?

    Aline Campbell: Quem prefere enxergar o não, quando o sim está posto à mesa, não terá sua opinião modificada por algo que eu, ou qualquer um, venha a dizer. Minha mensagem será transmitida àqueles que quiserem ouvir. O bom está aí para quem nele acreditar.

    TLDC: Pra finalizar, já pensa em algum novo destino para fazer uma viagem longa como essa e com o mesmo intuito?

    Aline Campbell: Sim, Brasil. Porque eu mal conheço o meu país e acho que vai ser bacana me lançar nesse desafio em um país tão diferente dos europeus. Pretendo seguir do Rio de Janeiro rumo ao nordeste e, quem sabe, fazer um filme disso.

    Foto: Arquivo pessoal de Aline Campbell

    Foto: Arquivo pessoal de Aline Campbell

    TLDC: Aline, muito obrigado pela entrevistas. Espero que venha muitas outras viagens como essa e que você possa provar que é possível realizar coisas que antes poderiam ser impossíveis!

    Aline Campbell: Obrigada vocês, pelo carinho e espaço 🙂

    E para já deixar avisado, em breve Aline estará lançando um livro sobre tudo isso, aguardem!

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    Olá! Meu nome é Leonardo, tenho 33 anos, sou de Brasília - DF, mas moro na Europa há mais de 8 anos. O desejo de viajar somou com uma frustração que aconteceu e me fez sair do Brasil. Eu amo viajar, conhecer lugares, pessoas e culturas, tanto que resolvi criar o blog Tô Longe de Casa para poder compartilhar com as pessoas todas essas minhas experiências pelo mundo.

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