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    Perrengues de Viagem

    Viajante e mochileiro que se preze tem que ter passado ao menos uma vez na vida algum perrengue de viagem para contar aos filhos e netos no futuro. Perrengues geralmente podem ser desconfortantes e tensos no começo porém no futuro geram boas risadas.

    De acordo com o dicionário, a palavra “Perrengue” refere-se a situação de dificuldade, aperto ou sufoco passado por alguma pessoa em determinado local, no nosso caso em viagens. E eu já passei por muitos por ai, alguns ocasionados pelo destino, outros por mim mesmo e outros por companhias de viagem, por isso que decidi escrever esse post aqui para descrever uma seleção de 10 perrengues que já passei nessas minhas andanças por ai.

    Congelando no Salar de Uyuni

    Perrengues de Viagem (1)

    Hotel de sal que eu passei a noite mais fria da minha vida

    Na Bolívia existe o maior deserto de sal do mundo, conhecido por lá como Salar de Uyuni. Chegando lá comecei a cruzar o deserto de carro, até ai tudo bem, estava muito frio mas minhas roupas estavam aguentando o tranco até a noite cair. Me hospedei em um hotel totalmente feito de sal no meio do deserto, no meio do completo nada. Ao cair da noite começou a esfriar, e esfriar, e esfriar ainda mais. Eu me deitei para dormir com 3 calças (1 moletom, 1 tactel e 1 jeans), 3 blusas, 1 jaqueta de frio grossa, 1 cachecol, 1 toca, 1 par de luvas, 3 meias, 1 par de botas (sim eu dormi de botas) e 3 cobertores e eu simplesmente congelei de frio, foi tão intenso, mas tão intenso que eu não consegui pregar o olho em nenhum segundo e só desejava que o sol nascesse o mais rápido possível. No outro dia quando finalmente amanheceu eu descobri que aquela havia sido uma das noites mais frias do ano, os termômetros tinham marcado -16º e minhas garrafas de água estavam congeladas.

    Minha sina na Chapada

    Perrengues de Viagem (2)

    O jeito é empurrar o carro

    Eu tenho por mim que eu não posso ir para a Chapada dos Veadeiros nunca, pois sempre que vou tem que acontecer algo. Nas diversas vezes que fui para lá tive problemas com o carro. Em uma dessas vezes tivemos que passar com o carro em uma descida de estrada de terra e lá embaixo havia um riacho e logo após uma subida, o problema é que havia muita lama, fomos com o carro devagarzinho e ele atolou, ficou preso e não queria sair, após tentar de tudo decidimos empurrar para trás e passar pelo lamaçal a toda velocidade, bom, deu certo o único problema é que o escapamento do carro foi arrancado e ficou na lama.

    Em uma outra vez ainda na ida no meio da BR o pneu do carro desencapou e estourou, quase que caímos no barranco. E por fim, a vez em que já estava voltando para casa, feliz da vida e a caixa de marcha do carro fundiu, putz, só funcionava de 1ª marcha, o suficiente para encontrarmos um vilarejo e pedir ajuda aos parentes, que chegaram em um outro carro 4 horas após o chamado.

    A balada do medo

    Perrengues de Viagem (3)

    Pachá Buenos Aires

    Para relaxar em Buenos Aires decidimos ir em uma das diversas baladas que tem lá e escolhemos uma que já tem uma reputação internacional, a Pachá. Mas pelo que pude entender a Pachá de lá não segue os mesmos padrões de outras ou eu que fui no dia errado. Paguei caríssimo para entrar e quando finalmente entro o lugar estava super lotado, e quando falo isso quero dizer que não tinha espaço para andar, tudo bem se fosse só isso, mas não, as pessoas lá dentro (todos argentinos) nos encaravam de um modo surreal, nos metralhando com o olhar, fora as diversas queimadas de cigarro que levei lá dentro, pois lá não é proibido fumar em ambientes fechados, agora pense, todas as pessoas da casa super lotada fumando ao mesmo tempo, e sem contar as que fumavam maconha. Saímos de lá rapidinho.

    Boa noite Cinderela

    Perrengues de Viagem (4)

    Caix.. onde aconteceu o quase golpe

    Ainda em Buenos Aires fomos em uma outra baladinha bem animada, a Caix Club. Eu e meus amigos nos divertimos muito nesse dia, porém algumas amigas ficaram empolgadinhas demais com os galãs argentinos que frequentavam o local e uma delas acabou tomando um sossega leão que ficou para a história. Ela aceitou uma bebida que um deles oferecia e de repente capotou, eu não estava no momento mas uma outra amiga dela veio correndo atrás de mim me puxando e gritando “Léo me ajuda, a T** tá passando mal, me ajuda”. No fim ela foi levada para a enfermaria e passou a noite inteira tomando glicose na veia e injeção na bunda. Esse Boa Noite Cinderela poderia ter sido pior se ela estivesse sozinha, mas hoje gera muita risada entre nós.

    Barco = Perrengue

    Perrengues de Viagem (5)

    O meu barquinho era o verdinho

    Não sei porque, mas até hoje eu nunca fiz um passeio de barco durante uma viagem no qual desse tudo certo. Certa vez em Angra dos Reis pegamos um catamarã para fazer um passeio nas ilhas do local, o começo do problema foi que havíamos exagerado na noite anterior e não tínhamos tomado café da manhã, logo estávamos numa ressaca braba, tudo bem a culpa foi nossa, mas ai o clima começou a mudar, o tempo nublou e fez um baita de um frio, e como eu achei que ia fazer sol fui só de bermuda e camiseta. Com o vento o barco começou a balançar e meu passeio por Angra foi por água a baixo, nem consegui aproveitar.

    Já no Lago Titicaca o problema do barco foi a sua ultra lentidão para fazer um percurso pequeno. Íamos da cidade de Copacabana até a Isla del Sol e compramos passagens em um barquinho que parecia normal, mas depois que começou a andar vi que não prestava. O trajeto normal é de 40 minutos mas nós levamos duas, DUAS horas para chegar na tal ilha, era triste ver todos ultrapassando a gente, e por fim quando chegamos no lado norte da ilha não havia nada para se fazer lá, mas que foi compensado no lado sul que era simplesmente lindo. A volta foi a mesma coisa com a diferença que havia marolas bem altas e pessoas vomitando no barco.

    Quase eletrocutado

    Perrengues de Viagem (6)

    Imagem meramente ilustrativa de como são as gambiarras naquela região

    Já até havia imaginado as capas dos jornais peruanos, “Brasileño muere electrocutado en el baño”. Sim, isso mesmo, no albergue em que eu estava hospedado na cidade de Cusco no Peru estavam fazendo manutenção no cilindro de gás que esquentava a água do local, e não havia previsão para os chuveiros a gás dos quartos voltarem a funcionar. Por fim eu tive que ir tomar banho na alternativa, o único chuveiro elétrico do hostel. Banho tranquilo, entro de baixo da água fecho meus olhos e sinto um estalo e um clarão, abro os olhos tudo parece normal, quando estou coberto de espuma e ia me enxaguar o chuveiro começa a brilhar e fazer estalos altos quando de repente começa a pipocar e soltar raios, isso mesmo, eu vi com esse olhos raios de eletricidade saindo do chuveiro, eu dei um pulo pra fora derrubando o box do banheiro e tudo que havia pela frente para escapar a tempo, não sei mas acho que os chinelos de borracha me ajudaram, depois paguei o maior sapo pra dona do albergue. Foi uma das únicas vezes em que senti que ia morrer.

    Algo envolvendo chuveiro elétrico também aconteceu com meu amigo Jota quando estávamos em Copacabana na Bolívia, não sei porque mas ele inventou de trocar o registro do chuveiro de frio para quente com o chuveiro ligado, foi o suficiente para derrubar toda a energia do prédio em que estávamos hospedados por horas e queimando o chuveiro. Tivemos que tomar banho frio nos dias seguintes.

    Batedor de carteira

    Perrengues de Viagem (7)

    Calle Florida

    Estava caminhando com uma amiga pela Calle Florida em Buenos Aires, paramos para ver algumas coisas nas vitrines das lojas quando de repente minha amiga puxa a bolsa e se depara com o zipper aberto. Sua carteira, com identidade, cartões e dinheiro haviam sido levadas e foi o suficiente pra fazê-la cair aos prantos no meio da rua, e quando eu falo cair eu digo se jogar no chão mesmo, chorando e gritando alto. Como estávamos apenas nós dois, todos na rua que passavam me olhavam como se eu a tivesse espancado ela. Enquanto ela berrava dizendo que estava sem documentos e não conseguiria voltar ao Brasil eu tentava arrastá-la a um táxi para voltar ao hotel. Por fim demos parte na polícia e encontraram a identidade dela e ela pode voltar ao Brasil sã e salva.

    Quase preso na Bolívia

    Estava na fronteira do Peru com a Bolívia após muitas, muitas horas de ônibus, logo eu estava muito cansando, tive que atravessar a fronteira a pé porque o rapaz da nossa van nos desistiu de levar até o ponto final. Chegando na aduana após subir uma ladeira entrei na Comissaria para preencher a papelada de migração, como estava muito cansado acabei sentando na cadeira do oficial para preencher o documento, alguém começou a gritar comigo em espanhol e eu nem prestei muita atenção, quando me dei conta o policial estava dizendo que se eu não levantasse daquele lugar eu seria detido lá por 15 dias. Preciso nem dizer que sai correndo.

    Dopado com Dramin e com ônibus quebrado

    Perrengues de Viagem (8)

    Eu estava ali em pé mais louco que o batman

    No meu primeiro mochilão estava fazendo uma viagem de ônibus de 17 horas, ainda era leigo nesse esquema de mochilão e tomei um remédio chamado Dramin, que dizem ser bom pra enjoos de viagem, só que ele não fez efeito nenhum, daí eu muito inteligente tomei mais 1 Dramin com 1 Dorflex, quase tive uma overdose, fiquei muito dopado, o ônibus era muito ruim e entrava muita terra e para completar ele ainda quebrou no meio do nada.

    Perdido no fim do mundo

    Perrengues de Viagem (9)

    Conferindo os mapas para achar a trilha certa

    Quando visitei Ushuaia, a cidade mais austral do mundo conhecida como “Fin del Mundo” fui fazer um trekking com alguns gringos pelo Parque Nacional Terra do Fogo, em questão de alguns minutos perdemos as sinalizações das trilhas e nos perdemos naquela floresta fria e úmida. Quanto mais andávamos mais perdidos ficávamos e para completar começaram a aparecer raposas na floresta que por sinal se assemelhava bastante com a floresta de “A Bruxa de Blair”, mas depois de algumas horas caminhando em meio a neve e lama nós conseguimos achar a trilha correta.

    Não foi a primeira e nem última vez que passei perrengue, esses foram apenas alguns dos muitos que tenho gravado na memória, teve a vez que fiquei com a coluna travada na Irlanda por um principio de hérnia de disco e também quando quase quebrei meu pé no Museu do Louvre em Paris, mas que se fosse falar aqui ia ser muito texto. Como puderam ver foram perrengues em níveis normais, com a exceção do momento quase morte no banheiro elétrico. E você? Já passou por algum perrengue maior? Me conte ai!

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    Olá! Meu nome é Leonardo, tenho 33 anos, sou de Brasília - DF, mas moro na Europa há mais de 8 anos. O desejo de viajar somou com uma frustração que aconteceu e me fez sair do Brasil. Eu amo viajar, conhecer lugares, pessoas e culturas, tanto que resolvi criar o blog Tô Longe de Casa para poder compartilhar com as pessoas todas essas minhas experiências pelo mundo.

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